Category | Leprosarium |
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Country | Brazil |
Address | Paulista, Pernambuco |
Mirueira Leprosarium was inaugurated in 1941 and patients were transferred to this institution from the Hospital dos Lázaros, which closed the same year. The Mirueira colony was the responsibility of the state government. It was originally called Colônia de Mirueira but this name was later changed to Sanatório Padre Antônio Manuel and housed up to 500 patients.
There were recreational facilities, such as a cinema, leisure club and football field. The colony also housed both a Catholic and an Evangelical church.
A few patients still live there with their families in twelve houses and twenty-two apartments. At present, it is more commonly known as Hospital da Mirueira, as it is also a general hospital.
(Information kindly supplied by Dr Jarbos Cavalcante de Cerqueira of Hospital de Mirueira)
From information provided by Carolina Pinheiro Mendes Cahu as part of the preliminary Brazilian Archival Preservation Project, 2007 (in Portuguese):
Histórico: Hospital-Colônia da Mirueira
Inaugurado em 1941 para atender as recomendações do Serviço de Profilaxia da Lepra, o Hospital – Colônia da Mirueira foi o símbolo do isolamento social dos “leprosos” em Pernambuco. Localizado nos arrabaldes de Beberibe, 14 quilômetros de distância da capital – Recife – a Mirueira, como passou a ser popularmente chamada, seguia o projeto de leprosaria modelo apresentado pelo construtor e arquiteto Abelardo Soares Caiuby quando da construção do Leprosário Santo Ângelo, em São Paulo, em 1918. Fora construída em um local afastado da área urbana, porém, que não fosse de difícil acesso para os sadios que desejassem visitar parentes e amigos internados, em um terreno mais elevado, cercado por mata virgem e intensa circulação de ar.
Ocupando uma área de 200 hectares, sua construção teve início em 1936 a cargo do Ministério da Educação e Saúde, após a compra do terreno pelo estado de Pernambuco no valor de 100 contos. O Governo Federal, segundo reportagem do jornal “Diário de Pernambuco” de 26 de agosto de 1941, teria despendido com sua construção e instalação o valor total de dois mil quinhentos e treze contos oitocentos e cincoenta mil réis. Ainda segundo o referido jornal, a manutenção do Hospital seria feita pelo Governo do Estado através da administração do Instituto de Assistência Hospitalar, em acordo firmado desde 1938.
Construída para ser uma “microcidade”, e com capacidade para 400 doentes, a colônia deveria oferecer aos que fosse internados todos os meios possíveis de “minorar o seu sofrimento”. Apesar de receber o nome de “Hospital”, seu aspecto distava muito de uma instituição asilar, formada de leitos e enfermarias. Fora projetada para possuir o caráter de uma cidade, com ruas, praças, templo religioso, prefeitura, escola, áreas de lazer além dos complexos médicos necessários para se manter o tratamento dos doentes. Dividida em três zonas, a Colônia da Mirueira era espacialmente dividida em área “limpa” ou sadia e área “suja” ou doente. Dividindo estas duas, ficava a área neutra.
Embora longe dos seus familiares, amigos e fora de um convívio social mais amplo – agora restritos aos muros do Hospital – os internos da Mirueira não construíram uma história de vida pautada apenas na dor e no sofrimento. Não fizeram de sua vida apenas um esperar pela cura ou pela morte. Antes destas, lutaram contra o esquecimento, contra o determinismo histórico que os enxergava como “condenados” ao fim, à morte.
Dentro do espaço que lhes foi imposto, reformularam suas vidas, forjaram novas relações sociais, novos pactos de convivência, de solidariedade. A “metrópole da dor”, a “cidade do medo”, era uma cidade de muita vida e muitas alegrias, também. Resistiram ao isolamento e ao esquecimento de forma quase imperceptível, silenciosamente. A luta contra a exclusão não se deu apenas através de protestos, de artigos de caráter contestatório, de fugas. Essa resistência estava presente no dia-a-dia dessas pessoas. Na luta diária pela sobrevivência, nas festas que eram organizadas, nas novas amizades que eram formadas, nos namoros, nos casamentos.
Durante o período em que vigorou o isolamento compulsório, os colonos da Mirueira desenvolveram várias atividades a fim de minorar o seu sofrimento: criaram uma Troupe Teatral – Troupe Teatral Brasil Lisboa – que realizava espetáculos periodicamente na Colônia; um jornal que circulou em todo o país e em algumas colônias internacionais – A Voz da Mirueira, posteriormente batizado de O Momento; fundaram um Grêmio – Grêmio Cultural Silvino Lopes – com a finalidade principal de desenvolver o estudo e o cultivo das letras, incentivar seus membros na produção de trabalhos literários, como os concursos de conto que eram promovidos pelo Grêmio e divulgados pelo jornal A Voz da Mirueira. Posteriormente, foi criado o Instituto Técnico e Cultural da Mirueira, com o intuito de dar aos ex-hansenianos os meios de proverem a sua subsistência depois da saída do hospital. Os colonos possuíam também um jornal esportivo diário que era divulgado pela Amplificado Mirueirense, com sede no próprio hospital. Organizaram também uma Escola de Música, posteriormente chamada de Grupo Musical Alfa. Tal grupo chegou a produzir um disco de carnaval batizado com o nome de “Moreninha Dengosa”. A colônia possuía também dois blocos carnavalescos, os Farrapos e os Batutas; uma Federação Esportiva, com três times de futebol (União Atlético, Guararapes F.C. e São Cristóvão F.C.); dois conjuntos musicais, Águias do Ritmo e Five Boys; um grupo de teatro, o Cine Teatro Brasil Lisboa; uma sala de projeção, onde eram exibidos filmes duas vezes na semana; um Dancing, ou clube, onde eram realizadas as festas e bailes; uma biblioteca que chegou a possuir mais de 2000 livros.
Situação Atual: Único leprosário ativo no Nordeste, além de tratar de hanseníase, é também referência estadual no tratamento de dependência química. Abriga 52 pessoas residentes, mas na década de 60 chegou a contar com 500 pacientes internados portadores de hanseníase. Hoje o Hospital da Mirueira descentralizou o atendimento no ambulatório, oferecendo consultas em 11 especialidades médicas, além de 174 leitos para internamento. Mesmo sendo proibido que os pacientes morem nos hospitais, muitas pessoas ainda procuram a unidade de saúde querendo viver lá, segundo afirma a enfermeira Rosa Albuquerque que trabalha há oito anos na Mirueira.