International Leprosy Association -
History of Leprosy

  • International Leprosy Association -
    History of Leprosy

    Database

    Colônia Santa Marta

    Location

    Category Hospital/Research Institute
    Country Brazil

    Notes

    The following preliminary summary on the records at Espaço de Convivência Antonio Justa are provided by Carla Julia Letti as part of the Brazil Archival Preservation Project, 2007.

    English Report (PDF)

    Portuguese Version (PDF)

    A colônia surgiu em outubro de 1937, quando o Senador Canedo vendeu para o Estado uma área de 73 alqueires, como consta em escritura. Senador Canedo era portador de hanseníase e, naquela época, ele seria obrigado a se internar em alguma colônia. No Brasil existiam colônias em Minas Gerais, Maranhão e São Paulo. Como o Senador Canedo era um homem rico e possuía muitas terras, vendeu essa área para o Estado, firmando um acordo: eles construiriam a colônia ali e ele não precisava ir para outro lugar para se internar, permaneceria em sua fazenda, que era naquela região.

    A colônia foi fundada em janeiro de 1943, com a vinda de uma equipe mineira, comandada pelo Dr. Mário Puri, formada por quatro médicos, um biomédico e uma enfermeira. Em setembro do mesmo ano, juntou-se a essa equipe o Padre Rodolfo Tellmman e três irmãs vicentinas: Irmã Mourão (coord.), Irmã Luiza Ventura e Irmã Natália.

    Nesta época tudo era muito precário, cozinha era a céu aberto, tinham nove pavilhões lotados, com até cinco pacientes em cada quarto. Os curativos eram realizados com os pacientes sentadas na calçada. Havia também um número enorme de crianças com hanseníase.Posteriormente, foi construída uma escola na Colônia, onde estas crianças freqüentavam, vestindo uniformes feitos de sacos de açúcar, tingidos de azul e camisetas brancas, feitas de sacos de farinha.

    Até o fim da década de 50, só existiam tais pessoas para prestarem todo o serviço que a colônia necessitava, e o número de pacientes só aumentava.

    Quando uma pessoa era identificada como portadora da doença, fazia-se diligência para buscar o doente e sua família, num carro Ford, que recebeu o nome de “onça’. O medo e o pavor de ir para um lugar desconhecido fazia com que os doentes não fossem para a Colônia espontaneamente, sendo assim, caçados e acomodados na “onça”.

    A Colônia foi dividida em duas alas: ala dos doentes e ala dos sadios. À medida que o indivíduo doente chegava, passava-se pela ala dos sadios, para que fosse feita uma triagem, e era levado para o isolamento. Os familiares, principalmente as crianças, que eram suspeitos, ficavam isolados por dias ou até que a doença fosse diagnosticada.

    O isolamento chamava-se “observação”. Neste local, os pacientes aguardavam a sentença ‘sadio’ ou “doente’. Se doente, iam para o leprosário; se sadios, eram liberados, mas marcados e perseguidos pela discriminação. As crianças sadias eram separadas dos pais e encaminhadas a uma casa no bairro Fama, o Preventório Afrânio de Azevedo”.

    Muitas lágrimas foram derramadas, ante o drama da separação de mães e filhos, esposos e esposas, familiares e amigos. Tanto choravam os pacientes quanto os funcionários, que nunca se acostumavam com o sofrimento daquelas pessoas que perdiam tudo, emprego, família e eram obrigados a viverem reclusos.

    A dor do estigma era tão forte que, naquela época, chegou a levar dois pacientes a buscarem a morte, através de envenenamento.

    Com o passar do tempo, novas direções, novos profissionais, novas construções e a Colônia ganhou ares de “cidade”, com prefeitura, cadeia, escolas, clube e bares, isolada da “cidade sadia” pelas telas e grandes touceiras de erva-cidreira.

    Entre os internos, novos laços afetivos foram se formando e as crianças que nasciam desse relacionamento eram retiradas dos pais, no mesmo dia do nascimento e levadas para o Preventório Alfredo de Azevedo, administrado pela Sociedade Eunice Weaver. Segundo livro de registro, de 1943 a 1949, 207 crianças foram levadas para o Preventório. E, de 1959 a 1960, 135 crianças foram para lá.

    Devido à localização distante e ao preconceito, os funcionários se viam na necessidade de morar perto da Colônia, fato que fez surgir casas ao redor do Hospital.

    Pela generosidade de fazendeiros das proximidades, havia alimentos em abundância e até os funcionários eram beneficiados com essas doações.

    Os pacientes que iam se recuperando, saiam do Hospital e pavilhões e iam para as casas construídas dentro da “Zona de Perigo” da Colônia, e ali passavam a residir por não conseguirem se reintegrar à sociedade e aos familiares. Posteriormente, passaram a ocupar a Vila São João e Margarida Procópio, áreas que foram cedidas pela Colônia, para que os pacientes fizessem suas casas e lá fossem morar, para que pusessem fim às colônias. Porém, muitas pessoas construíam e depois vendiam suas casas, voltando para a Colônia. Do terreno total da Colônia, 73 alqueires, restam hoje, 23.

    Situação Atual:

    A Colônia Santa Marta é hoje o Hospital de dermatologia Sanitária e Reabilitação Santa Marta – HDS, atuando nas áreas de medicina, nutrição, biomedicina, psicologia, serviço social, odontologia e fisioterapia.

    Possui fábrica de fraldas, farmácia, sapataria, bazar e casa de artesanato.

    O atual diretor, Sr. Wolf Moreira de São Geraldo, que está na administração há um ano, está comandando reformas, que buscam a preservação da estrutura física da Colônia, com apoio do IPHAN, e seguindo as leis de acessibilidade. Estão para serem inaugurados: a Rádio da Colônia e a reforma do hospital.

    Existe na Colônia Santa Marta:

    • 96 pacientes no pavilhão da enfermaria;
    • 64 casas com 147 moradores;
    • 31 chácaras com 104 moradores;
    • 145 moradores, próximo à Colônia, são atendidos e buscam medicação na Colônia.;
    • 247 funcionários.

    Entry made April 27, 2007

    Contact

    Name Sr Wolf Moreira de São Geraldo
    Address Colônia Santa Marta, Goiás, Brazil

    Go back to previous page.